Há pouco, nas noticias, fizeram um balanço do número de vitimas de violência doméstica: 25 mulheres morreram, vitimas do marido, do namorado ou do companheiro, 47 sofreram tentativas de homicídio, por parte dos mesmos agressores.
Numa instituição onde trabalhei, tínhamos uma funcionária vítima de violência doméstica. Não sabíamos como ajudar. Ela fechava-se a cada tentativa de tocarmos no assunto. As marcas físicas eram pouco visíveis, mas as colegas vinham-nos contar, em surdina, alguns dos desabafos dela. Tão impotentes nos sentíamos, que decidimos contactar a APAV e pedir ajuda. Nós, enquanto técnicas, pouco sabíamos do tipo de ajuda que podíamos dar, que tipo de conselhos ou qual a melhor forma de abordar a questão com a vitima.
Foram excepcionais! A nós, técnicas, deram-nos algumas "aulas" preciosas. E um manual, feito pela APAV, para nos apoiar. Mas nós queríamos mais. A associação faz, de forma gratuita, formação sobre violência doméstica. A Direcção aceitou e nós achámos que seria excelente, não só para os jovens que frequentavam a instituição, mas também para os funcionários. Para toda a gente assistir, tivemos que fazer dois dias de formação. No primeiro dia, no primeiro grupo, estava a funcionária que nos tinha levado a procurar a ajuda da APAV. Faltou! Não foi trabalhar nesse dia! No segundo dia, chegou mais tarde!
Nas conversas que tivemos com as técnicas da APAV, foi-nos dito que na linha de apoio (707 20 00 77), acompanhavam algumas mulheres há mais de 10 anos! Nunca deram o passo definitivo com medo, com vergonha, com pudor.... mas sobretudo com muito, muito medo!
(Hoje, olhando para trás, acho que não era só uma funcionária... eram mais! Mas existem sinais que só reconhecemos com a experiência... e com o que a vida nos vai ensinando!)
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