segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
Às vezes pergunto-me o que quero eu de ti? Serás tu apenas um penso rápido para a minha solidão? Ou será que o foste e que sou eu agora, que não te consigo arrancar, com a ferida já curada? Ou inventei-te na minha cabeça, descobri-te qualidades que não tens, ternuras que nunca fizeste ou olhares que nunca existiram? Terei sonhado? Terei andado este tempo todo a dormir? Estou-te a usar ou estás-me tu a usar a mim? Ou estamos ambos a usar o outro? E o que quero eu de ti? Não sei, mas isto não é, com certeza... O que tenho eu de ti? Nada. Algumas migalhas de atenção, quando já não aguento os teus silêncios e vou atrás de ti... migalhas que são sempre iguais: o tempo que falta, o trabalho que é muito, a vida que é caótica, as reuniões, o trabalho, o trabalho... sempre o mesmo! E eu, a ler, com vontade de te mandar pastar, de te mandar dar uma curva, porque não é isso que eu quero, não é isso que eu preciso, não é isso que eu quero saber, porque isso já eu sei, que não foi para isso que me "inscrevi"! Mas sabes, é até ao dia... até ao dia em que eu me lembrar que mereço mais, muito mais, que mereço tudo a que tenho direito, que mereço alguém bem melhor do que tu, alguém que não fuja quando ouvir um "quero-te", alguém que não tenha medo de ser feliz ou infeliz, alguém que não tenha medo de começar e acabar, porque a vida é mesmo assim, alguém que não tenha medo de viver no mundo lá fora, sem as desculpas do trabalho e da vida caótica, alguém que assuma o que quer ou o que não quer, alguém que perceba que isto não é uma carta de "amor", mas sim um desabafo de quem não entende o que se passa e quer, desesperadamente entender...