Ontem à noite, enquanto eu estava a temperar o entrecosto para o almoço de hoje:
"- És arisca! Sempre foste. Desde pequenina. Sempre foste arisca! Beijos e abraços que não queiras e lá ficas tu como uma enguia...foges! És arisca, tens a quem sair: saís à tua Avó... pareces "enxertada em corno de cabra"! Olha, a mim não sais! Nunca pedias "colo" ou "mimo"... bem, à tua avó pedias! E ao teu pai... e não era bem "mimo": vinhas, chegavas ao pé dele, subias para as costas da cadeira, trincavas-lhe as orelhas e dizias: - Anda, pai, vamos jogar ao sério?! E ficavam os dois, horas, a olhar nos olhos um do outro a ver quem se ria primeiro... Pois, com o teu pai tu entendias-te! Mas nunca pedias "colo"... dizias-lhe: - Posso sentar-me na tua perna, pai? E o teu pai dizia-te: - Vá, na perna "boa"... e tu sentavas-te, encostavas-te a ele, ele punha o braço à volta da tua cintura e ficavam os dois calados... Quando cresceste e não podias sentar-te na perna dele, sentavas-te aos pés dele, no chão, encostavas-te às pernas dele, ele passava-te a mão pela cabeça e ficavam os dois na sala, mudos... Nunca vos vou entender...pois, porque vocês andavam sempre à guerra.... eram iguais!
Mas tu és muito arisca, sempre foste muito arisca... e o teu filho é como tu!"
E eu fiquei à espera de ouvir: - E ainda por cima, pões muita cebola na caldeirada! :-D
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