quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Declaração de Independência

 (Perspectiva puramente individual e feminina da questão da independência. Mas muitas partes deste post são absolutamente uni-sexo: podiam ser escritas por um ele!)

E depois, há a questão da independência. Das pessoas independentes. Iguais a todas as outras mas com um grau de autonomia acima da "média". Falo sobretudo, das mulheres. Daquelas que vão sozinhas à oficina arranjar o carro, que sabem pôr óleo no motor, pegar numa black&decker e furar paredes, montar móveis do Ikea, emfim, que decidem sozinhas "tudo e mais um par de botas"!
Não ficamos à espera da hora do jantar, para nos "queixarmos" e alguém nos trazer miraculosamente a solução. Até porque, se o fizermos, não estamos à espera que resolvam o problema, estamos a desabafar, pura e simplesmente... estamos a partilhar informação, não à espera de uma solução!

Isto costuma ser um grande problema para os homens: partem do princípio que as nossas "queixas" exigem a sua participação directa! WRONG! Só queremos mesmo que nos ouçam! Estamos habituadas a tratar dos nossos problemas. Por piada eu digo muitas vezes que, quando quiser um cavaleiro andante, tenho boca para o pedir (e já pedi muitas vezes e continuarei a pedir sempre que precisar!). Até lá, ouçam-me, dêem-me um ombro para eu me encostar, um par de braços para me abraçar e deixem-me aninhar contra alguém no sofá! Se há coisa que nos "acalma", é isso: carinhos, mimos, abraços e muito aconchego! E, acreditem, isto faz milagres, para além de evitar imensas discussões numa relação...

Por questões genéticas, de educação, por necessidade e /ou por opção, o ser independente é como uma bandeira que vai à nossa frente. Não se carrega esta bandeira por superioridade ou incapacidade de partilhar. Faz parte de nós, é o nosso quotidiano, é a nossa forma de ver o mundo e de lidar com ele. Não queremos afastar ninguém... só estamos habituadas a lidar sozinhas com tudo o que aparece...

Sim, mas também sabemos partilhar e gostamos de partilhar. Sim, também nos sabe bem, de vez em quando, entregar os pontos e "renderrmo-nos"... mas quando nos "rendemos" é porque queremos! E rendemo-nos aos mimos, aos carinhos e também à partilha. Porque partilhar é bom!
Sim, nós sabemos partilhar, só não gostamos é que nos impunham a obrigatoriedade da partilha. Somos independentes, lembram-se?! Até gostamos que se preocupem connosco, mas não nos sufoquem, please...
Não gostamos de imposições, obrigações, de cobranças! Partilhamos porque queremos, porque também é bom partilhar, porque nos sentimos bem a partilhar. Mas não temos que partilhar absolutamente TUDO!

Até porque, se não tivermos com quem partilhar, a nossa vida segue para a frente. Não nos encostamos a um canto, a chorar ou a curtir a "fossa", simplesmente seguimos em frente. Não andamos desesperadamente atrás de alguém com quem partilhar e construir uma vida. Temos a nossa vida, gostamos dela, fomos nós que a construímos, somos nós que a gerimos todos os dias, que assumimos todas as consequências... não estamos à espera de ninguém! Se aparecer alguém disposto a partilhar a nossa vida, com tudo o que a nossa independência acarreta, tanto melhor! Se não, continuamos a andar para a frente...

O porquê deste discurso?! Porque acredito que é possível duas pessoas poderem ter uma relação, sem deixarem de ser independentes. A independência não significa uma "não partilha" de vida e muito menos impossibilita uma relação (até porque temos famílias, filhos, amigos, interesses, trabalho e tudo isto envolve formas de partilha. Mais uma vez, nós sabemos partilhar!).
No caso de uma relação a dois, os princípios serão é sempre radicalmente diferentes da noção generalizada (diria quase institucionalizada) de relação a dois. Esqueçam a simbiose, a fusão, dois que são um, unos e indivisíveis, São dois, ponto! Podem ter objectivos comuns, mas são dois! E isto é sempre muito problemático, principalmente quando um deles é independente: o outro pode não perceber! Já quando são os dois... bom, aposto que muita conversa, bastante tolerância e algum "espaço" devem ser bons truques para que dois independentes se entendam... pelo menos percebem bem a noção de "'estão-me a sufocar, HELP!"

Se é fácil chegar ao ponto de equilíbrio?! Não deve ser... Se existe uma formula mágica?! Não existe, com certeza! Mas aposto que é possível! Vontade e, atrevo-me a dizer, maturidade farão parte dos ingredientes básicos e obrigatórios. Assim como também gostar do outro como ele(a) é... sem estar à espera que ela(e) mude!

(Post escrito depois de uma longa conversa, com uma das minhas amigas, também ela "independente"!) 

(Adenda a pedido da minha amiga: (e eu concordo ;-)) Também nos rendemos ao sexo! LOL)

3 comentários:

  1. Tá tudo dito!!...ponto final!...

    Não entendo como há gajos e gajas que não percebem isto, ou melhor, até percebo... é que o egoísmo não se identifica na necessidade da nossa individualização, mas sim na estupidez de se impôr ao outro as nossas necessidades quando não temos suficiente auto-estima, anulando-o enquanto pessoa...e isso não é partilha, é opressão...partilha é 'dar e levar' literalmente.

    É quase como ensinar crianças: 2 são 2, 1+1=2... e para haver o 'dois' existe na génese os 'uns', e basta um 'um' desaparecer para deixar de haver o 'dois'...

    Independência,ou melhor,individualização acima de tudo! Como te compreendo ... ;)

    Prometo LEE, eu prometo que vou arranjar maneira de colocar um botão 'Like' nos post's do blogger!!... :) ...

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  2. ...amiga...após uma boa hora de investigação, e de umas linhas de HTML...lá está ele: o botão de 'like' nos post´s do Blogger :-D... quem não tem mais nada para fazer..valha-me Deus... rsrsr

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  3. Sabes, JB, eu acho que na maioria das vezes, não o fazem por mal... fazem-no sem pensar!

    Para algumas pessoas é a palavra "nós" que define a relação: quanto mais "nós", mais sólida é a relação (ou pensam que é!). E gostam tanto, que o "nós" deixa de ser apreciado, quando é dito... deixa de ser um acto de carinho e passa a ser banal, uma cena do dia-a-dia, usado até para coisas onde não faz qualquer tipo de sentido!

    Vá, eu tbém gosto de usar o "nós", mas não sempre e muito menos para tudo! Gosto do "eu" e do "tu", do "meu" e do "teu"... e quando uso o "nós" (numa relação) quero que ele tenha peso, que não seja banal e muito menos derivado de uma obrigação. Um "nós" que nos saia de dentro, do coração, carregado de afectos e de significado...

    Há lá coisa melhor, do que ouvires um "nós", na altura certa?! Sentes o peso da palavra e percebes o seu significado! Até porque há coisas que só um "nós" pode fazer... ;-)

    E isto é "saber de experiência feito", se é que me entendes: também já achei que o "nós" era muito importante e não lhe sabia dar o devido valor... também já o banalizei... e usei-o "forçada"... mas aprendi (acho eu!) a usá-lo com parcimónia e a dar-lhe muito valor quando o uso ou quando o usam dirigido a mim! ;-)

    Ah, já usei o botão o teu botão de like! :-)

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