quinta-feira, 30 de junho de 2011

Ai, que quando eu penso...II

Mas afinal, que raio é que eu não quero?!

O meu melhor (e maior) amigo chamou-lhe, em tempos, Relação Epistolar! Também a poderia ter chamado de Relação Virtual, mas não seria a mesma coisa... O Epistolar caracterizava muito melhor esse tipo de relação. Veja-se a definição de Epístola da Wikipédia:  
"Epístola (do grego antigo ἐπιστολή, “ordem, mensagem”, pelo Latim epistòla,ae “carta, mensagem escrita e assinada”) é um texto escrito em forma de carta, para ser correspondido a uma ou várias pessoas, mas se distinguindo desta por expressar opiniões, manifestos, e discussões para além de questões ou interesses meramente pessoais ou utilitários, sem porém deixar o estilo coloquial, que combina paixões subjetivas e apelos intersubjetivos com o debate de temas abrangentes e abstratos."

Mas, atrevo-me agora a acrescentar o Virtual a esta caracterização - Relação Epistolar Virtual!

Eu explico: dos vários significados de Virtual, destaco dois, que assentam como uma luva na descrição da dita Relação Epistolar, ajudando mesmo a que a sua caracterização seja ainda mais completa. O primeiro aponta-nos para algo que não é físico, apenas conceitual, levando-nos à noção, por arrastamento, de que virtual não é algo concreto mas sim tudo o que não é palpável, podendo ser uma abstracção de algo real. O segundo remete-nos para virtual ser a simulação de algo.

Se, à altura desta caracterização pelo meu melhor amigo, o termo Epistolar chegava e sobrava, no momento presente, parece-me muito apropriado que eu acrescente o Virtual, pelas razões já expostas no parágrafo anterior.
Resumindo: uma relação entre duas pessoas, baseada em epístolas (mas sempre com o recurso às novas tecnologias, não existindo provas físicas), onde se exprimem sentimentos, opiniões, considerações (ou como eu digo muitas vezes: sobre tudo e mais um par de botas!), não existindo nenhuma relação física, nenhuma relação concreta e onde se simula uma relação afectiva e efectiva entre duas pessoas. Bom, mas sendo completamente honesta, nesta fase virtual da relação epistolar, serei só eu a expressar sentimentos... e aqui começa o "que raio é que eu não quero"...

Eu não quero uma Relação Epistolar. Já lá estive. E quis mais. E não tive. Eu não quero uma Relação Epistolar Virtual. Muito menos uma Amizade Terapêutica. Será, com certeza, confortável para quem dela necessita, mas não é esse o papel que eu quero. Para isso existem os psis a sério, com licença e sabedoria para tal tarefa.
Já nem se põe o facto de querer mais, mas sim de merecer mais. E eu nem quero assim tanto: sou comedida, realista e com os dois pés bem assentes na terra, no que respeita a relações a dois. Sei bem que a esta altura da vida, todos trazemos bagagem, todos temos esqueletos nos armários, fantasmas que nos assombram, trabalhos, frustrações, fracassos, uma infinidade de tralha com a qual temos que lidar. Não adianta achar que podemos fazer de conta que tudo isto não existe. Mais vale encarar as coisas e encontrar soluções. Se calhar por pensar e sentir isto é que acho que mereço mais, muito mais do que uma Relação Epistolar Virtual... ou uma Amizade Terapêutica!
Mas isso é outro post...