segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

To be or not to be... Married!

Não abomino o casamento. Não sou contra o casamento. Aliás, até já me casei. Ok, também já me divorciei...
Nada tenho contra o casamento enquanto contrato, enquanto "instituição social", que perpetua valores e ideais familiares, aglutinando, por vezes, conceitos díspares e valores diferentes.
Mas...
Não considero é que o casamento seja essencial a uma relação entre duas pessoas (leia-se duas pessoas, independentemente do sexo!). Não é a assinatura de um contrato, ou o comprometimento perante os outros e a sociedade, que fazem uma relação. A relação existe, constrói-se diariamente, trabalha-se, e não é o "casamento" que lhe vai trazer nada de novo. A relação entre os dois membros do "casal" é o essencial, o fundamental, e dela depende em exclusivo a manutenção dessa união. Isto, e o gostarem um do outro, claro! Não é o facto de se ter assinado um contrato que vai ditar a manutenção desse "casal". Pode isso sim, prolongá-la no tempo, tornar mais difícil a separação, ou fazer as pessoas reconsiderar uma eventual separação. Mas essa vontade de manter o "casamento", nasce sempre da relação a dois que está por trás da "instituição". Se essa vontade de permanecerem juntos, de ultrapassarem as dificuldades (momentâneas ou não) não existir, se não houver vontade de trabalhar a relação, a união, se já não gostarem um do outro, se já não existir o desejo de partilha ou ideais em comum, não serão, com certeza, as assinaturas num papel que o farão. Ou esse contrato não deveria prolongar essa "desunião", essa ausência de vontade de partilhar, de continuar a ter uma relação. Por isso existem os divórcios.

E volto ao mesmo: por detrás de um "casamento", tem que sempre existir uma relação e, já agora, que seja "saudável" e "funcional". Funcional no sentido da relação entre os dois, porque o que para mim pode ser "funcional" numa relação, pode não o ser para os outros. O mesmo é válido para o "saudável". Existem relações que, para mim, são completamente disfuncionais, nada saudáveis e, no entanto, a relação funciona e o "casamento" mantém-se porque essa mesma relação, a partilha de ideais, a vontade de continuarem juntos também se mantém: os "indivíduos" funcionam dentro da relação. E estas noções vão mais longe do que a "legalização" da união. Importante é mesmo como as duas pessoas se "sentem" dentro da relação e o que "sentem" um pelo pelo outro. Se para eles funciona e estão bem assim, quem somos nós para dizer que não é saudável ou funcional?!

Se existe uma "boa" relação, "saudável", "funcional", onde se partilham ideias, vontades, sentimentos, onde ambos estão dispostos a trabalhar a relação, a construí-la todos os dias, a ultrapassar as dificuldades diárias, a ajudarem-se mutuamente, isso já não é um casal?! Para mim sim, já é um "casal". Pois, e aqui aparecem os outros, a sociedade, e o "comprometimento" perante ambos. É mais uma vez, para mim, essencial o comprometimento entre os "membros do casal".  Mais importante que as presenças na assinatura do contrato, que a visibilidade da "festa", ou do que "legalização" da união (com ou sem "festa"), é o comprometimento que se faz ao outro, a vontade expressa por ambos de, perante o outro, serem um "casal", de terem e manterem uma relação, de a trabalharem, de gostarem um do outro, de continuarem a ter momentos felizes, de partilha, de cumplicidade, no fundo de construírem todos os dias a sua relação.
Sem esquecerem as suas individualidades, porque continuam a ser dois indivíduos distintos, com personalidades e vontades distintas que entram numa espécie de simbiose, com benefícios mútuos e sem perderem as suas características originais. Uma relação não é  1+1=(1). Continua sempre a ser 1+1=(1+1).  (Nada tem a ver com matemática, apenas com indivíduos e os parênteses são o sinal de "casal"!)

Podem-me dizer agora, que depois destas "condições" todas reunidas, a oficialização, a legalização da união/relação é o passo seguinte. Certo, e para muitos "casais" é mesmo o passo seguinte. Mas se ambos assim o quiserem, se estiverem dispostos a isso, se acharem que é mesmo o passo seguinte e se precisarem de um "passo a seguir". Para outros "casais", isso pode não ser necessário, essencial ou mesmo importante. Podem, como eu, dar mais valor à relação entre os dois do que à "legalização" da união. Podem achar que a construção diária, o comprometimento diário perante o outro é bem mais importante do que o comprometimento perante os outros e perante o Estado. Mas atenção, esta "importância" não excluí de forma peremptória ou radical, essa "legalização" ou eventual necessidade de dar o "passo seguinte".

Não, não sou contra o casamento. Sou é contra considerar o casamento como "base" de uma relação e/ou manter uma relação (má ou não satisfatória) com "base" no casamento!

(Removi, deliberadamente, os filhos desta equação! Entenda-se equação por relação a dois, única e exclusivamente, subtraindo-se também daqui, a respectiva parentela e grupo de amigos. Deus também foi excluído! A palavra Amor está ausente, mas fica ao critério de cada um encaixa-la no texto.)

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