sábado, 23 de abril de 2011

I'm as puzzled as a newborn child...


"Song to the Siren" by This Mortal Coil

On the floating, shapeless oceans
I did all my best to smile
til your singing eyes and fingers
drew me loving into your eyes.

And you sang "Sail to me, sail to me;
Let me enfold you."

Here I am, here I am waiting to hold you.
Did I dream you dreamed about me?
Were you here when I was full sail?

Now my foolish boat is leaning, broken love lost on your rocks.
For you sang, "Touch me not, touch me not, come back tomorrow."
Oh my heart, oh my heart shies from the sorrow.
I'm as puzzled as a newborn child.
I'm as riddled as the tide.
Should I stand amid the breakers?
Or shall I lie with death my bride?

Hear me sing: "Swim to me, swim to me, let me enfold you."
"Here I am. Here I am, waiting to hold you."

(stolen from a friend in FB)

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Rain...



We both are lost
And alone in the world
Walk with me
In the gentle rain
Don't be afraid, I've a hand
For your hand and I
Will be your love for a while

I feel your tears as they fall
On my cheek
They are warm like gentle rain
Come little one you have me in the
World and our love will be sweet
Very sweet

Our love will
Be sweet very sad
Very sweet like gentle rain
Like the gentle rain
Like the gentle rain

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Mãe

Vim de lá arrasada. Cansada, esgotada e triste. Porque ela está aqui, mas não está aqui. Vive longe, numa época que já passou, num tempo que já não é o meu... nem o dela. Não a senti longe de mim, pelo contrário: não me lembro de ela ter estado tão próxima, de ser tão fácil comunicar com ela, de a entender como se, de repente, ela fosse um livro aberto.

 Hora e meia onde tive que reconstruir a sua imagem, onde a obriguei a revisitar o passado de uma forma tão dolorosa que, a cada imagem que lhe era mostrada, as lágrimas lhe saltavam dos olhos e todo o seu corpo se encolhia perante o poder avassalador dos afectos, das emoções. Parecia que estava tudo a acontecer, ali e agora, como se não tivessem passado muitos anos.
Ao ver a letra do meu pai, nas costas de uma fotografia, chorou muito, mas não me reconheceu no bebé que estava nos seus braços quando virei a fotografia... eu só "existo" adulta, mulher, elo de ligação privilegiado com um mundo que ela desconhece, que não se lembra. Olha-me como se eu pudesse devolver-lhe a vida que se apagou. Exige de mim as memórias que perdeu. Obriga-me a passear no passado comum, tantas vezes feito de mágoas e tristezas, cheio de desencontros entre as duas. Força-me a ser mulher, mais uma vez... Volta, de novo, a não me deixar ser criança... Quer-me adulta, responsável... Eu, enquanto menina, enquanto filha para cuidar e tratar não estou presente, desapareci...

Entregou-me o papel mais ingrato de toda a minha vida: ser "mãe" dela! É a mim que se agarra desesperadamente quando não se consegue fazer entender, quando as suas limitações falam mais alto, quando não se reconhece nos cabelos brancos e nas rugas, é nos meus braços que procura o refugio de um mundo que a assusta e que não a entende. É a mim que faz longos discursos, incompreensíveis para todos, mas onde eu sinto as preocupações, as angústias, quase como se a estivesse a ouvir falar. É para mim que olha porque sabe que a entendo, que ouço no meio do mamamamamama, as perguntas e lhe dou as respostas.

Eu assumi o papel que ela me deu. Eu aceitei-o. Quase como se soubesse que isto estava à minha espera. Faço-o sem esforço. Saí-me de uma forma natural, quase sem pensar, as estratégias que monto, os planos que traço para a levar mais longe, para lhe devolver um pouco do mundo que perdeu. Dou-lhe tudo o que tenho, tudo o que sei, devolvo-lhe tudo o que ela já me deu a mim, mas que não se recorda. Entrego-lhe tudo o que posso e o que não posso.

Por ela, obrigo-me a adiar o luto de a ter "perdido", mesmo sabendo que já a "perdi" e que nunca mais a terei de volta. Devo-lhe a minha vida e não faria sentido que não lutasse por ela, quando eu sou uma lutadora. Luto por ela como luto por tudo o quero: com todas as armas que tenho, com tudo aquilo que eu sou, com tudo o que tenho de bom e de mau.
Não sei ser de outra forma, não me sei dar pela metade nem aos poucos. Quem me tem, tem-me sempre inteira, sem medos, disposta a enfrentar tudo e todos.